terça-feira, 14 de julho de 2009

Pudor lingüístico


É interessante perceber as diferenças de uso da língua portuguesa e da língua inglesa, parece-me que o português tem um certo pudor lingüístico que existe muito pouco no inglês. Quem escreve em língua inglesa usa o verbo to be sem a menor vergonha, assim como usa também o to make. Hoje, por exemplo, li na etiqueta do meu short: Produzido na China. E me perguntei: por que não traduzir o bom e velho Made in China por Feito na China, ou no máximo, por Fabricado na China? É difícil encontrar nas etiquetas de um produto estrangeiro Produced in China.

Bem, o que quero dizer é que muitas vezes queremos enfeitar a nossa escrita, deixá-la mais pomposa e recusamos o simples, o óbvio, e deixamos de falar o que realmente desejamos, se concentrando mais na forma do que no conteúdo. A justificativa que inventei foi esse tal pudor que não sei de onde vem, essa vergonha de usar palavras comuns com medo de não ser considerado culto ou sei lá o quê. Engraçado pensar que um dos nossos maiores poetas usava palavras simples para expressar idéias belas e complexas, para se ter uma prova disso basta ler Carlos Drummond de Andrade.

O que vocês acham disso?

3 comentários:

  1. Acho que é muito fofo justificar como pudor! =D

    Ass.: Ellidja

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  2. Falando sério, acho que na língua portuguesa quem se propõe a escrever, principalmente no meio acadêmico, tem a crença infundada de que uma boa escrita necessariamente tem que apresentar palavras difíceis, q muitas vezes o proprio escritor ñ entende. Quem pensa assim esquece q antes de ser "bonito" o texto deve ser compreensível, claro, para q a interpretação do leitor ñ fuja tanto do que o escritor pretendia dizer.

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  3. Escrever bem é escrever com clareza, não importa o vocabulário.

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